1 de maio de 2011
Para refletir no dia internacional dos trabalhadores
A "função" do trabalho infantil
Paulo Marques- Professor Antropologia Social- Curso de Psicologia IENH
A data que marca o dia internacional dos trabalhadores é um importante momento para uma reflexão sobre o sentido do trabalho na sociedade contemporânea e do por quê, em pleno século XXI, com toda a tecnologia disponível, ainda temos que conviver com o trabalho infantil. Este vídeo produzido por estudantes em um trabalho escolar permite-nos refletir sobre esta triste realidade.
O trabalho infantil no Brasil ainda é um grande problema social. Milhares de crianças ainda deixam de ir à escola e ter seus direitos garantidos, e trabalham desde a mais tenra idade na lavoura, campo, fábrica ou casas de família, muitos deles sem receber remuneração alguma. Hoje em dia, em torno de 4,8 milhões de crianças de adolescentes entre 5 e 17 anos estão trabalhando no Brasil, segundo PNAD 2007. Desse total, 1,2 milhão estão na faixa entre 5 e 13 anos.
Ao terem que dividir o tempo entre a escola e o trabalho, o rendimento escolar dessas crianças é prejudicado, passando a ser sérias candidatas ao abandono escolar e, consequentemente, ao despreparo para o mercado de trabalho, tendo que aceitar sub-empregos e, assim, continuarem alimentando o ciclo de pobreza no Brasil.
Como já era de se esperar, o trabalho infantil ainda é predominantemente agrícola. Cerca de 36,5% das crianças estão em granjas, sítios e fazendas, 24,5% em lojas e fábricas. No Nordeste, 46,5% aparecem trabalhando em fazendas e sítios.
A UNICEF declarou no Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil (12 de junho) que os esforços para acabar com o trabalho infantil não serão bem sucedidos sem um trabalho conjunto para combater o tráfico de crianças e mulheres no interior dos países e entre fronteiras. No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, a UNICEF afirma com base em estimativas que o tráfico de Seres Humanos começa a aproximar-se do tráfico ilícito de armas e drogas.
Longe de casa ou num país estrangeiro, as crianças traficadas – desorientadas, sem documentos e excluídas de um ambiente que as proteja minimamente – podem ser obrigadas a se prostituirem, trabalharem como domésticas em regime de servidão, casarem-se precocemente ou, ainda, a trabalharem em ambientes perigosos.
Embora não haja dados precisos sobre o tráfico de crianças, estima-se que haverá cerca de 1.2 milhões de crianças traficadas por ano.
Quando estudamos na disciplina de Antropologia Social temas como o paradigma funcionalista podemos exemplificá-lo a partir do trabalho infantil, ou seja, um processo que se justifica pela "função" que cumpre na acumulação de capital e na ampliação do lucro de muitas empresas.
Identificar as diferentes teorias sociológicas é importante para compreendermos como alguns conceitos científicos ainda são utilizados para justificar práticas como esta.
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