29 de maio de 2011

Nau da loucura no mar das idéias: Música e poesia para refletir



Nau dos loucos: Uma leitura da "loucura" a partir de Foucault - especialmente no livro "A História da Loucura", a referência para entender a loucura passa pelo entendimento e supervalorização da razão (principalmente a razão moderna). Aos racionais, o convívio social, à liberdade, à ética, o direito à integridade.


NAU DA LOUCURA NO MAR DAS IDÉIAS

Vitor Ramil e Bob Dylan e a poesia dos "loucos"

Vitor Ramil, é um dos mais criativos e talentosos compositores brasileiros da atualidade. Vitor ganhou neste ano o prêmio Açorianos de música pelo seu excelente disco Delibáb, com milongas criadas a partir dos poemas do escritor argentino Jorge Luiz Borges e do poeta alegretense João da Cunha Vargas.

Ao longo de sua carreira de 30 anos, Vitor compôs diversas canções que versam sobre símbolos( Délibad é uma palavra hungara que significa "miragem"), poemas sobre o pensar o humano nas suas contradições, singularidades e subjetividades

A figura do "louco" foi tema de duas belas composições já clássicas do repertório de Ramil , "Loucos de cara" e "Joquim", esta última uma versão de "Joey" de Bob Dylan.
A versão de Vitor Ramil fala de Joquim, o louco do chápeu azul.




A letra de Joquim assim como a de Joey conta a história de um "louco". A "loucura" destes personagens está refletida muito mais na visão de quem os vê, e os condena. O "louco" de vitor é sim o homem que navega no mar das idéias, o que pode ser perigoso quando estas idéias são diferentes do que é dado como racional.


Joquim era o mais novo
Antes dele havia seis irmãos
Cresceu o filho bizarro
Com o bizarro dom da invenção
Louco, Joquim louco
O louco do chapéu azul
Todos falavam e todos sabiam
Quando o cara aprontava mais uma


O "Joey" de Dylan fal também de um louco que vive nas ruas

"Joey, Rei das ruas, filho do barro"...
" o que fazer quando eles vierem e soprarem você para longe"?
O Joquim de Ramil navega no "Nau da loucura, no mar das idéias" e também é perseguido

Joquim, Joquim
Quem eram esses canalhas
Que vieram acabar contigo?


Ambos são os "loucos" incompreendidos e excluídos pela sociedade da racionalidade moderna. Joquim e Joey são condenados, são culpados, sua loucura deve ser destruída.

Dylan canta:
'Ele cumpriu dez anos em Attica, lendo Nietzsche e wilhelc Reich
Eles jogaram-o no buraco um tempo para tentar parar os ataques
Seus amigos próximos era os homens negros porque eles parecuam entender
O que é estar na sociedade com uma algema em sua mão"



O Louco de Ramil, como ele diz, "não se entregava":

O mundo ardia na guerra
Quando Joquim louco saiu da prisão
Os guardas queimaram
Os projetos e os livros
E ele apenas riu, e se foi
Em Satolep alternou o trabalho
Com longas horas sob o sol
Num quarto de vidro no terraço da casa
Lendo Artaud, Rimbaud, Breton


Por tudo o que passou
Louco, Joquim louco
O louco do chapéu azul
Todos falavam e todos sabiam
Que o cara não se entregava
Joquim, Joquim
Nau da loucura no mar das idéias



Em "Loucos de cara" , Vitor Ramil diz

" Poetas, loucos de cara, vamos sumir..."

"Se mais nada existir
mesmo o que sempre chamamos REAL
e isso pra ti for tão claro
que nem percebas...

Se um dia qualquer
ter lucidez for o mesmo que andar
e não notares que andas
o tempo inteiro

É sinal que valeu...





"Loucos de Cara"



Videntes, loucos de cara
Descrentes loucos de cara...

Latinos, deuses, gênios, santos, podres
ateus imundos e limpos
Moleques loucos de cara

vamos sumir...

ombro no ombro...



Abaixo publicamos a letra de "Joey" de Bob Dylan


Joey (Bob Dylan)

Nascido em Red Hook, Brooklin, no ano de quem sabe quando
Abriu seus olhos para o toque de uma sanfona
Sempre no lado de fora de qualquer lado que há
Quando lhe perguntaram por que tinha de ser dessa maneira,
"Bem", ele respondeu, "só por isso."

Larry era o mais velho, Joey o segundo mais velho.
Eles chamavam-o de Joey "louco", o bebê era chamado de "Criança Explosão"
Uns diziam que eles viviam do jogo e correndo números também.
Sempre pareceu que eles brigavam entre o povo e os homens de azul também.

Joey Joey
Rei das ruas, filho do barro
Joey Joey
O que fazer quando eles vierem e soprarem você para longe?

Há boatos de que eles mataram os seus rivais, mas a verdade está longe disso
Ninguém nunca soube ao certo onde eles realmente estavam
Quando eles tentaram estrangular Larry, Joey quase golpeou o telhado
Ele foi fora daquela noite procurar vingança, pensaran que era a prova de bala.

A guerra estourou ao amanhecer, e esvaziou-se fora das ruas
Joey e seu irmão sofreram terriveis derrotas
Até que eles se aventuraram além das linhas e levaram cinco prisioneiros
Eles os esconderam longe, em um porão, chamando-os de amadores
Os reféns estavam triplicando quando eles ouviram um homem gritar
"deixe soprar esse lugr para o além, deixe o Cel. Edson levar a culpa"
Mas Joey andou a diante, levantou a mão e disse: "Nós não somos esse tipo de homens
É de paz e tranquilidade que precisamos para trabalhar novamente."

Joey Joey
Rei das ruas, filho do barro
Joey Joey
O que fazer quando eles vierem e soprarem você para longe?

O departamento de polícia investigou ao redor, eles chamaram o Mr Smith
Eles causaram lhe entriga, eles nunca estavam certos de com quem
"Que horas são?" disse o juiz para Joey quando eles se encontraram
"Cinco para as dez" disse Joey. Isso é exatamente o que ganhará".

Ele cumpriu dez anos em Attica, lendo Nietzsche e wilhelc Reich
Eles jogaram-o no buraco um tempo para tentar parar os ataques
Seus amigos próximos era os homens negros porque eles parecuam entender
O que é estar na sociedade com uma algema em sua mão

Quando eles o deixaram sair em 71 ele perdeu um pouco de peso
Mas vestido como James Cagney e eu ele prometia um visual ótimo
Ele tentou encontrar uma forma de voltar a vida que ele tinha deixado
Para o chefe ele disse: "Eu retornei, e agora quero o que é meu".

É certo que em seus anos posteriores ele não carregaria uma arma
"Eu estou cercado de mauitas crianças" ele dizia " eles nunca devem saber de uma"
Ainda andou direito na sede de seus inimigos mortais de toda vida
Então ele vacilou nas ruas de Little Italy

Joey Joey
Rei das ruas, filho do barro
Joey Joey
O que fazer quando eles vierem e soprarem você para longe?

Irmã Jacqueline e Carmela e mãe Mary estavam todas chorando
Eu ouvi seu melhor amigo dizendo: " Ele não está morto, ele só está desacordado."
Então eu vi a limosine do velho voltar-se para o cemitério
Eu esperava que ele dissesse um último adeus para o filho que ele não pode salvar.

O sol voltou a esfriar completamente a President Street
E o bairro do Brooklyn ficou de luto
Eles rezavam uma missa na velha igraja proxima a casa onde ele nasceu
E algum dia se Deus em sua inspeção do paraíso se manter
Eu sei que os homens que mantiveram seus desejos baixos terão o que merecem

Joey Joey
Rei das ruas, filho do barro
Joey Joey
O que fazer quando eles vierem e soprarem você para longe?

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