29 de maio de 2011

Resenha do filme " Minha vida em cor de rosa"








"Minha vida em cor de rosa"


JULIANA ULRICH
KATIA L. DAUDT
MAYTÊ LOPES*


O filme "Minha vida em cor de rosa"  exibido durante o Ciclo de Cinema - Psicologia: Interfaces Sociais, realizado pelo curso de Psicologia da faculdade IENH, abordou a questão da sexualidade sob a ótica da homossexualidade/transexualidade, bem como seus respectivos preconceitos por parte de nossa sociedade.

O tema complexo é conduzido pelo diretor A. Berliner de forma singular e delicada, através da estória de Ludovic Fabre, um garoto de sete anos que não se reconhece como menino, que se sente e comporta como uma menina.

O filme inicia em uma festa que seus pais oferecem aos vizinhos do bairro para onde mudaram recentemente, onde Ludovic aparece maquiado e com um vestido de princesa. 
Para disfarçar o constrangimento, seus pais alegam tratar-se de uma brincadeira e dizem que o menino é "ótimo em disfarces".  Quando questionado por eles, em separado das visitas, sobre o motivo de ter se vestido daquela maneira ele responde que era para "ficar bonita", se expressando também verbalmente no gênero feminino, sendo duramente criticado pelos pais, que o obrigam a mudar de roupa.

A intolerância ao seu comportamento, considerado inadequado, inicia em sua própria família, que tem problemas para lidar com aquele filho que é tão diferente dos demais.  Nossa sociedade tem grandes dificuldades em aceitar e conviver diretamente com tudo aquilo que é diferente dos padrões estabelecidos.
A situação se agrava quando Ludovic se envolve emocionalmente com o filho do chefe de seu pai, por quem se apaixona e pretende casar, acreditando que em algum momento de sua vida irá se transformar em menina, acertando assim o descompasso que existe entre seu pensamento e seu corpo.

Não tendo certeza sobre a melhor maneira de lidar com aquela situação, seus pais passam  a alternar momentos de permissão com outros de rígida vigilância e repúdio ao seu comportamento, fazendo com o menino fique ainda mais confuso sobre a sua sexualidade. 
Em muitos momentos ele refugia-se no mágico mundo das bonecas, misturando realidade e fantasia, tudo colorido pelos tons de rosa,  onde ele pode ser feliz do jeito que é.

Para piorar ainda mais, Ludovic começa a ser rejeitado também na escola, onde passa a sofrer agressões físicas e morais e os irmãos, envergonhados por este comportamento diferente, não conseguem se posicionar em sua defesa.

O tratamento psicológico que seus pais lhe impõem, na tentativa de enquadrá-lo no padrão de um menino de sua idade, também não obtém os resultados esperados.
Enquanto a família começa a hostilizá-lo e culpá-lo por todos os problemas que lhes acontecem, a avó parece ser a única que tenta entendê-lo e aceitá-lo e quando a situação em casa passa a ficar insustentável, leva-o para morar com ela.
Com uma fotografia suave o filme vai narrando as muitas desventuras do menino-menina que, apesar de tudo, ainda mantém um doce sorriso.
Em uma sucessão de episódios tristes, que contudo não chegam a ser melodramáticos, Ludovic vai vivenciando suas experiências, como na cena em que se disfarça de Branca de Neve na peça teatral da escola, na tentativa de experimentar um beijo do seu príncipe, e é desmascarado na frente de todos ou quando simula uma situação de morte, trancando-se dentro de um freezer com um crucifixo em seu peito, demonstrando claramente o seu sofrimento e despertando um sentimento de culpa em sua mãe.
A cena mais chocante talvez seja quando, contra a sua vontade, cortam o seu cabelo bem curto, cortando simbolicamente também seus sonhos e personalidade.
Esta aparente transexualidade, apresentada de maneira tão clara ainda na infância, não tem  característica de perversão sexual. Como bem descreve Félix López Sánches em seu livro HOMOSSEXUALIDADE E FAMÍLIA-NOVAS ESTRUTURAS, pág.30 “... os transexuais vivem, no entanto, uma situação difícil, porque estão convencidos de que seu corpo é um erro, já que, realmente, possuem uma identidade sexual distinta da identidade biológica. Sendo biologicamente homens – em todos os aspectos – essas pessoas sentem-se e acreditam ser mulheres...”.
A ingenuidade de Ludovic, aliada a sua inocência e doçura, demonstram que não houve nenhuma opção ou escolha voluntária: independentemente de sua própria vontade e/ou da vontade de sua família, ele simplesmente é assim.

Mais tarde, ao mudarem para outra cidade do interior na tentativa de um recomeço, a família depara-se com uma situação semelhante a sua, onde uma menina da vizinhança aparenta sentir-se um menino, se comportando e vestindo como tal, o que parece trazer alguma esperança de aceitação para o pequeno Ludovic.

O filme trata não apenas da questão da sexualidade, mas principalmente das relações família-sociedade, da pressão social para que tudo e todos sejam perfeitamente enquadrados dentro das estruturas convencionadas, onde os diferentes são rejeitados, desrespeitados e ignorados sistematicamente. O que nos leva a refletir sobre o nosso papel dentro deste contexto social, ainda tão conservador.

* alunas do primeiro semestre do curso de Psicologia da Faculdade IENH

8 comentários:

  1. Parabéns meninas!
    belo trabalho.
    Renata Roos

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  2. Parabéns gostei muito deste artigo me ajudou muito . Ou seja estou terminando o curso de pedagogia e este assunto sobre o filme vai cair na prova. Obrigada

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. uma merda de filme. homem é homem, mulher é mulher. Homem tem penis e mulher tem vagina, dane=se o resto

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